A crise do novo coronavírus foi, em muitos aspectos, sem precedentes.Não apenas pela rapidez com que uma doença foi capaz de se alastrar em escala planetária — anunciando um futuro temerário para a época dos fluxos globais —, mas sobretudo por conta das reações que suscitou. Assistimos a um bloqueio geral da economia mundial e à imposição de medidas de confinamento populacional em quase todo o planeta. Temendo por sua sobrevivência, o capitalismo global colocou-se em quarentena.Mas os acontecimentos atuais só podem ser compreendidos se inserirmos a "crise do vírus" no panorama mais amplo do processo de crise fundamental do capitalismo, sistema que agora se confronta com seus limites históricos, tanto internos (a desvalorização do valor) quanto externos (a ameaça de colapso ambiental).A quarentena autoimposta do capitalismo foi, para este, um mal necessário para continuar existindo. Mas esse remédio amargo pode ter um perigoso efeito colateral, tendo aumentado exponencialmente a montanha de dívidas impagáveis que ameaça desabar a qualquer instante. A avalanche nos arrastará, em sua queda abrupta? Ou teremos aprendido algo com o breve pause do sujeito automático?

– PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA –Entre monstros– INTRODUÇÃO –Crise e crítica– CAPÍTULO 1 –O vírus no contexto da crise global do capitalismo– CAPÍTULO 2 –O que não é a crise do coronavírus– CAPÍTULO 3 –O grande confinamentodo capitalismo: triunfo do Estado sobre a economia?– CAPÍTULO 4 –Crisis in progress: crise do coronavírus, capital fictício e processo de crise fundamental– CAPÍTULO 5 –A vida que pode ser tão pouco: vigilância e sobrevivência ampliada– CAPÍTULO 6 –Tempos difíceis ou grandes esperanças?– CAPÍTULO 7 –Será que o Estado e a economia vão largar sua presa?— EPÍLOGO —— REFERÊNCIAS —— SOBRE OS AUTORES —— COLEÇÃO CRISE & CRÍTICA —